sexta-feira, 21 de maio de 2010

ABREA, ADAO E IBAS RESPONDEM AO INSTITUTO BRASILEIRO DO CRISOTILA (IBC)

Press Release
21 de maio de 2010


O Instituto Brasileiro do Crisotila prioriza o dinheiro

O artigo crítico intitulado “Semana norte-americana de consciência antiamianto é um retrocesso”, que foi publicado em 18 de maio de 2010 em um blog pró-amianto apoiado pelo Instituto Brasileiro do Crisotila (IBC), destaca a determinação implacável que impulsiona a agenda da indústria do amianto no Brasil. Desconsiderando o consenso global que condena todos os tipos de amianto por serem extremamente prejudiciais à saúde humana, as partes interessadas desta indústria continuam com suas tentativas desacreditadas para manter a propaganda pró-amianto no Brasil.

É bastante irônico que esse discurso desprezível tenha aparecido apenas alguns dias após a Organização Mundial de Saúde (OMS) emitir outra declaração política ressaltando a ameaça representada pelas exposições atuais de 125 milhões de pessoas no mundo ao amianto: “Todos os tipos de amianto causam câncer de pulmão, mesotelioma, câncer de laringe e de ovário, e asbestose” . A OMS reforçou a declaração política de 2006 a favor do banimento do amianto afirmando que “a maneira mais eficiente de eliminar doenças relacionadas ao amianto é interromper o uso de todos os tipos de amianto...”.

O IBC, que é financiado pelo dinheiro da indústria do amianto, tem motivos bem claros para forçar a substância goela abaixo dos consumidores brasileiros; na verdade, se não fizesse isso, funcionários bem-pagos do IBC perderiam seus empregos sem dúvida. A OMS, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (IARC, na sigla em inglês) e outras autoridades independentes e de renome têm outras agendas: suas atribuições são proteger a saúde pública e ocupacional de riscos evitáveis como o amianto. Com efeito, o Senado dos Estados Unidos não tem dúvidas sobre a necessidade de aumentar a consciência nacional sobre os perigos do amianto. Por esta razão, o Senado norte-americano publicou a Resolução nº 427 em 1º. de março deste ano. Isto não é um retrocesso, mas sim uma iniciativa racional e importante tomada por uma série de legisladores com espírito público preocupados com as vidas dos cidadãos dos EUA.

O IBC não está preocupado com as vidas de trabalhadores e cidadãos brasileiros comuns expostos aos perigos de produtos com amianto; tampouco está preocupado com as vidas de mexicanos, indianos, tailandeses, indonésios, colombianos ou cingaleses expostos aos riscos das exportações brasileiras de amianto. O IBC está preocupado em primeiro lugar com os resultados da indústria. Enquanto houver dinheiro a ser obtido, haverá pessoas suficientemente insensíveis e cruéis para priorizar os lucros corporativos sobre a vida humana. Quando se trata dos perigos do amianto, a sociedade civil faria melhor em prestar atenção aos avisos de associações imparciais e reputáveis como a OMS, a OIT e a IARC, e tratar as afirmações feitas pelo IBC e por outros defensores do amianto com o descrédito que merecem.


Notas aos editores

1. Para mais informações, entre em contato com:

Linda Reinstein, diretora-executiva do Asbestos Disease Awareness Organization (ADAO)
email: linda@adao.us
website: http://www.asbestosdiseaseawareness.org/


Laurie Kazan-Allen, coordenadora do International Ban Asbestos Secretariat (IBAS)
email: laurie@lkaz.demon.co.uk
website: http://ibasecretariat.org/

Eliezer João de Souza, presidente da Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (ABREA)
email: abrea@abrea.com.br
website: http://www.abrea.org.br


2. A Organização Mundial da Saúde, a Organização Internacional do Trabalho, a União Européia, a Comissão Internacional de Saúde Ocupacional, a Organização das Nações Unidas, o Collegium Ramazzini, grupos representativos de sindicatos internacionais de trabalhadores, outras agências internacionais e muitos governos concordam que, como a exposição a todos os tipos de amianto é nociva à saúde humana, o uso do amianto deveria ser banido.
3. A Organização International do Trabalho estima que ocorram por ano 100 mil mortes provocadas pelo amianto, o que representa uma morte a cada cinco minutos. Outras estimativas apresentam um número global ainda maior.

4. No documento divulgado em 13 de maio de 2010, a Organização Mundial da Saúde pediu ações urgentes para proteger a saúde humana da exposição a dez substâncias químicas, entre as quais o amianto. A OMS afirmou que “em 2004, o câncer de pulmão relacionado ao amianto, o mesotelioma e a asbestose provocados por exposições ocupacionais resultaram em 107 mil mortes e 1.523.000 DALYs” [Disability-adjusted life year: soma dos anos da expectativa de vida perdidos devido à mortalidade prematura e dos anos de vida produtiva perdidos em função da incapacidade laboral].

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